E o amor?, você me pergunta. O amor, ah, sei lá. O
amor nem dá pra definir direito. Acho que é um desejo de abraçar forte o
outro, com tudo o que ele traz: passado, sonhos, projetos, manias,
defeitos, cheiros, gostos. Amor é querer pensar no que vem depois, ficar
sonhando com essa coisa que a gente chama de futuro, vida a dois. Acho
que amor é não saber direito o que ele é, mas sentir tudo o que ele
traz. É você pensar em desistir e desistir de ter pensado em desistir ao
olhar pra cara da pessoa, ao sentir a paz que só aquela presença traz. É
nos melhores e piores momentos da sua vida pensar
preciso-contar-isso-pra-ele. É não querer mais ninguém pra dividir as
contas e somar os sonhos. É querer proteger o outro de qualquer mal. É
ter vontade de dormir abraçado e acordar junto. É sentir que vale a
pena, porque o amor não é só festa, ele também é enterro. Precisamos
enterrar nosso orgulho, prepotência, ciúme, egoísmo, nossas falhas,
desajustes, nosso descompasso. O amor não é sempre entendimento, mas a
busca dele. Acho que o amor não é o caminho mais fácil, pois mais fácil
seria dizer a-gente-não-se-entende-a-gente-não-combina-tchau-tchau. O
amor é uma tentativa eterna. E se você topar entrar nessa saiba que o
amor encontrou você. Seja gentil, convide-o para entrar.
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